terça-feira, 8 de abril de 2008

Parte 3 "O Ajudante"

A dificuldade de encontrar um ajudante estava incomodando Zeca, ninguém queria trabalhar pelos 8 reais que ele tinha, aliás 8 não cinco e cinqüenta porque ele tinha esquecido de separar o dinheiro para o fumo do cachimbo. O jeito seria fazer todo o trabalho sozinho, mas tinha medo que isso o desmoralizasse afinal ele era uma autoridade, com carteirinha (feita por ele mesmo) e tudo. Mas às vezes o universo conspira ao nosso favor e com Zeca não seria deferente, e foi na peixaria conversando com os ex-colegas de trabalho que ele lembrou de Cardosinho. Vamos concordar que Cardosinho não era uma das opções mais inteligentes, mas era trabalhador e desde que chegará do nordeste não tinha conseguido nenhum trabalho fixo.

E naquela mesma noite Zeca estava na porta do barraco que Cardosinho morava.

- Cardosinho, trouxe uma grande oportunidade pra você.

- Tô sem ninhum Zeca, o que tinha comprei a mistura pra janta.

- Não estou vendendo nada, vim te oferecer emprego.

- Oxe, é mermo? Intão eu aceito

- Mas não queres saber o que é?

- E eu to podeno escolher? Qto é o salário?

- O salário é pouco, mas o trabalho é muito

- Eita que parece que to de volta no Ceará.

- Mas quando as coisas melhorarem eu aumento o salário. Toma aqui um adiantamento.

- Cinco reais? Então ta bom. Quando eu começo?

- Amanhã, me encontra lá na praça que te dou uma carona, assim economizo o dinheiro da tua passagem.

E no dia seguinte lá estava Cardosinho esperando ansiosamente por Zeca, a emoção era tanta que nem conseguiu dormir a noite. Quando Zeca chegou ele já estava impaciente.

- Arre homê, pensei que tu num vinha.

- Calma, só estava tomando um café ali na barraca do seu Maneca.

- E cadê o carro?

- Que carro?

- O seu, que nós vai pro trabalho.
- Mas eu não tenho carro, nós vamos de carona na jabiraca do Zé que vai leva os peixes lá pra peixaria.

E lá foram eles em direção ao “escritório”. No caminho Zeca explicava a Cardosinho a natureza de seu negócio e quais seriam suas funções. Cardosinho ficava mais empolgado a cada palavra, e antes de chegar ao escritório já se sentia “um homem da lei”.

- Isso é o esquito... o esticr... ah, isso é a sala?

- Sim, o que achou?

- Mas isso num é a lixeira?

- Elementar meu caro Watson. (Zeca sempre quis dizer isso)

- Cume qui é? Do que ocê me chamo?

Zeca não conseguiu conter a risada

– Quer dizer "isso mesmo". A sala parece uma lixeira porque está disfarçada.

- Oxe, e porque num disse logo invés de ficar falano otro idioma. E o disfarce é tão bom que até o cheiro é igual.

- Essa é a minha mesa e aquele ali é o seu banquinho.

- E onde que ta o telefone pra eu atende?

- Lá em baixo, na entrada do prédio tem um orelhão é lá que vc vai ficar, mas antes vc vai pegar esses papelzinho que eu fiz ontem a noite e vai fazer propaganda do escritório.

Vinte minutos depois que Cardosinho saiu, Zeca já estava sonhando com seu primeiro caso, seria um adultério, um assassinato, o roubo de alguma jóia ou um corno que roubou uma jóia e foi assassinado? Zeca ainda fantasiava quando a porta abriu de repente e uma senhora entrou...

terça-feira, 1 de abril de 2008

O Escritório

Zeca não conseguia se conter, finalmente depois de exaustivas 16 horas de curso ele finalmente era um detetive formado (por correspondência) e com direito a diploma e tudo, e não era qualquer diploma não, era feito no computador e todo colorido. Certamente foram os R$ 15,00 mais bem gastos da sua vida e ainda ganhou uma lupa para coletar pistas. Agora só faltavam duas coisas para começar as atividades, um escritório e um cachimbo, porque segundo ele “... todo detetive que se preza usa cachimbo!” Ah, talvez um assistente pq o que seria de Holmes sem seu “caro Watson”?

Ainda sobravam R$ 85,00 do dinheiro que conseguiu juntar com as horas extras na peixaria, e na sua falta de experiência no mundo dos negócios Zeca acreditava que seria suficiente para suas principais necessidades, até já tinha marcado com o síndico do centro comercial no centro da cidade.

- Bom dia, o senhor deve ser o Sr José Carlos.

Para Zeca aquilo soou até estranho nunca ouviu a palavra senhor e o seu nome na mesma sentença aliás, nem lembrava a última vez que haviam dito seu nome completo. – Sim sou eu, e o senhor deve ser o senhor Síndico.

- Pode me chamar de Antonio, em que posso ajudá-lo?

- Eu to montando meu escritório de detetive e tava quereno alugar uma sala.

- Detetive?

- É, tenho um diploma e uma carteirinha que eu mesmo fiz, quer ver?

- Não, não precisa. Tenho uma sala perfeita, 100m², bastante arejada, bela vista só R$ 350,00

- R$ 350,00? Num tens algo mais baratinho?

- Tenho uma por R$ 280,00 mais é menor.

- Inda tá pesado.

- Quanto o senhor tem?

Senhor de novo, cada vez Zeca se sentia mais importante – Bom eu tenho R$ 85,00 menos os R$ 7 do cachimbo sobra... R$ 78,00

- Setenta e oito reais?
O sindico achou que aquilo só podia ser uma brincadeira, mas resolveu embarcar.

- Eu tenho uma sala perfeita pro senhor e ainda vou dar um desconto, vou cobrar só setenta o resto o senhor economiza.

- Opa, desconto e bom também.

- É uma sala bem reservada, intimista. Fica no 3º andar, vamos que eu vou mostrar ao senhor.

E foram em direção a “sala” que seria ocupada por Zeca.

- Aí está.

- Onde?

- Essa porta aí na frente... Não é uma beleza?

- Mas isso num é a lixeira?

- Claro que não.

- Mas ta pareceno, tem até a portinhola pra joga o lixo lá em baixo.

- O senhor não é um detetive? É uma sala disfarçada, pra não chamar atenção.

- Ah, isso e bom também. Assim ninguém vai desconfiar.

- Viu? Sala personalizada.

- Negocio fechado.

O síndico não acreditava, mas ia continuar dando corda.

- Ah, se alguém aparecer aqui querendo jogar lixo o senhor deixa.

- Mas por que?

- Pra que ninguém descubra o disfarce da sua sala.

- Ta certo, o senhor tem toda razão seu síndico.

- Antonio

- Ah é, esqueci. Posso chamar de Toinho?

- Não.

Agora Zeca já tinha diploma, carteirinha feita por ele mesmo e uma sala personalizada só faltavam o cachimbo e o assistente. Estava quase tudo pronto, só faltava seu “Watson”....

segunda-feira, 24 de março de 2008

O começo, A justificativa ou sei lá o que...

Desde pequeno sonhava em ser detetive, viajava entre os livros de Sir Arthur Conan Doyle e da magnífica Agatha Crhistie e lá depositava meus sonhos, desejos e fantasias. Agora tantos anos depois, outras inspirações se juntaram e culminaram nessa experiência literária (que pretensão).

Talvez a personagem tenha um pouco de mim, dos meu desejos de ser detetive, da minha admiração por Florianópolis e das confusões em que acabo me metendo.

José Carlos (Zeca para os intimos) sonhava em ser detetive, era fã do Sherlock Holmes (mesmo tendo uma dificuldade enorme para dizer esse nome), do Monsieur Hercule Poirot e do Jonas (é o Jonas, Não conheces? Vai no Blog do meu camarada Leandro http://leandroide.blogspot.com/). E sabia que levava jeito, afinal sempre ganhava dos colegas naquele jogo... DETETIVE e aquilo só poderia ser um sinal. Mas a grande oportunidade apareceu naquele pequeno anuncio que viu no jornal..."Curso de Detetive por correspondência, sua oportunidade de ser um homem da lei com baixo investimento..." a sorte estava lançada... a dele e a minha´. E foi assim que tudo começou.

Aguarde, em breve o desenrolar dessa estória